terça-feira, 31 de agosto de 2010

O ADEUS A VELHA FONTE



No início íamos só pela bagunça... Nossos fanáticos pais nos enchiam de camisa, bandeira, meião, boné e lá íamos nós para a Fonte Nova depois de um belo almoço de domingo. Sempre com meu pai ouvindo a Sociedade 740 AM, informando Pitú. Parávamos o carro ali, na descida para o dique, na antiga Telebahia, depois Telemar enfim... Geralmente em fila dupla, o que só gerava problema caso de derrota do Bahia... Como era difícil disso acontecer, sempre rolava a boa camaradagem após os jogos. Antes de entrar no estádio, ouvia os cambistas trabalhando em alta com suas frases promocionais “Bancada um a mais! Bancada um a mais!”. Ingresso na mão e era hora e entrar no estádio... A sensação de após subir as pequenas escadas e dar de cara com aquele gramado verdinho lá embaixo era única.. Antes de virar para o lado direito, ali na arquibancada especial já que no lado esquerdo ficavam os urubus, pausa para comprar as cervejas de meu pai.. Ele nunca pegava fila! Pois sempre tinha um conhecido do conhecido do conhecido que comprava as cervejas e o refrigerante para a gente. Aí ele sempre voltava com as fichas na mão cantando é tricolor, é tricolor, é tricolor, dizendo que era foda.
Não existia nenhum lugar que me sentisse mais seguro que ali naquela arquibancada especial. Todos eram meus tios. Até os que eu não conhecia, era tio. E aí tome picolé, tome pipoca, tome sorvete, só o rolete de cana que não podia porque não se sabia de onde vinha a água que se usava para lavar a cana. Diz a lenda que os vendedores cuspiam...nunca saberemos. O jogo começava. Meu pai sempre em pé, de um lado para o outro e eu às vezes ao lado, às vezes sentado com os tios e amigos mais abaixo. Lá podia tudo! Time de Puta, Vá tomar do cú, Juiz ladrão... Aquela suingueira das palmas tatá ta ta ta tatá... Eita Bahia retado! Na saída aquele murro do portão... meu pai retava.... Achava o máximo que nos jogos de meio de semana, como era tarde, meus amigos não podiam ir...mas eu sempre estava lá... no dia seguinte no colégio com a camisa do Bahia no ombro resenhando sobre o jogo.

E o tempo foi passando... o picolé foi trocado pelo copão de cerveja e a paixão continuou. Nas adversidades, gritava : “Eu não venho mais nessa porra!!!” e lá estava eu no jogo seguinte.

Veio a boa e velha padaria... Aquela mesmo, a padaria do Superman... Com direito ao arrocha tricolor, que tanto nos acompanhou naquela fatídica série C. Bahia e Ananindeua-PA, estavamos lá...Bahia e Crac-GO, estavamos lá... Não existia time que fosse jogar que não íamos...não me perdoou por não ter visto o Bahia e Fast-AM... mas ficou marcado do mesmo jeito. Aquele suado acesso, depois do 0 x 0 com o Vila Nova-GO...e depois a tragédia. Abaixo a foto que representou toda a nossa angústia daquele ano.




É isso mesmo. Foram muitas recordações que levarei para o resto da vida. Que bom que também pude viver esse estádio. Que tinha uma magia diferente, uma mística incrível! Lá o timão já virou timinho, O galo já virou galinha, O Mengão caiu de 4 com direito a Jajá deixar Gamarra e Julio Cesar a ver navios, Lima já chutou bola no dique, Nonato já foi aclamado como matador e cachaceiro ao mesmo tempo, O vice tremia quando subia pelo vestiário, o Gol de Raudinei, as defesas de Rodolfo Rodrigues e Jean, a elegância sutil de Bobô, os gols de Ronaldinho contra a Holanda, lembro de um 5x4 contra o Internacional fantástico, enfim... muitas das coisas que ficarão marcadas. Até o último gol daquele estádio, de Ávine, no Bahia 3 x 0 ABC-RN, ficará marcado.
Na fonte, vibrei, chorei, gritei, pulei, xinguei, aplaudi, vaiei, beijei, abracei, senti, admirei, me revoltei, esculhambei...vivi.

Que venha a nova arena, galera tricolor! E que com ela, dias melhores para o nosso esquadrão.

Saudações Tricolores,


Guilherme

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

ODE AOS AMIGOS E À AMIZADE

Amigos,

Segue texto abaixo escrito por Nelson Pretto, grande amigo de meu pai, publicado no jornal atarde, terra magazine, dentre outros veículos de comunicação on-line.

Trata-se de uma grande homenagem e por que não uma grande reflexão sobre a amizade.

Espero que gostem.

Abraços,

Guilherme

ODE AOS AMIGOS E À AMIZADE
por Nelson Pretto

Perdi recentemente um amigo muito querido. Ninguém esperava que Pi fosse nos deixar assim, tão abruptamente. Momentos de choque nos levam, de imediato, a pensar sobre a vida e não apenas sobre a morte.
Cemitérios são lugares especiais e, confesso, tenho certa admiração por eles – como lugares da arte, da arquitetura, da tristeza e, ainda, pela possibilidade que nos trazem de, na dor da perda, refletir sobre a vida. Outro amigo muito atento, Jairo, já havia percebido isso, tanto em nossas conversas ao vivo como nos meus Smogs – crônicas de viagens que escrevi durante meu tempo em Londres. O fato é que nunca em outros tempos estive neles com tamanha frequência, a me despedir de pessoas queridas.
Desta minha última vez, por ocasião da última homenagem a Antônio Paulo Lopes Freire – o nosso Pi – muito me impressionou a quantidade e diversidade de amigos que ele mantinha e o carinho com que todos, absolutamente todos, nutriam por ele. A consternação e perplexidade eram sentimento geral. Estava diante de nós, inerte, o outrora menino ali de Nazaré, o colega de escola e de bairro, o pai, irmão, marido, o médico e, principalmente, o homem que agora nos aprontava a sua última estripulia, aplicando-nos certeira rasteira, saindo das nossas vidas sem aviso prévio.
Pi representa um tipo de gente que tem se tornado raro neste nosso corrido e alucinado mundo. Um moleque gaiato, na sua sábia simplicidade de viver, de não complicar desnecessariamente as coisas, de não perder fácil o bom humor, com um aguçado dom da crítica e da piada, sempre juntas, não necessariamente nesta ordem.
Expressava ele, a todos, exatamente o que pensava, sempre de um jeito simpático/provocador que surpreendia o interlocutor, mas ao mesmo tempo seduzia. Sua leveza era desconcertante em tempos sisudos. Soube o meu amigo não se deixar contaminar pela hipocrisia, grosseria, arrogância, prepotência, pressa e competitividade desmedida, sintomas tão inerentes à nossa cambaleante sociedade. Ele era um daqueles tipos de gente que não perdia a piada por nada e, por isso, levava a vida com uma leveza que o fazia ser adorado principalmente pelos seus pacientes mais velhinhos. E complementa o amigo Caca: “e também pelos filhos dos amigos, que o adoravam!”.
No cemitério, pensei imediatamente em outra amiga, Denise, que adora ler a coluna “obituário” da revista The Economist, onde se faz pequena biografia dos que se foram. Ela apenas repete um hábito que os ingleses muito apreciam, mas que para nós causa até estranhamento. Eu também estranhava, mas fui me dando conta de que havia ali belos escritos sobre a vida e a amizade.
Com essa conjugação de reflexões e lembranças de tantos amigos, fiquei pensando: por que não escrever, também eu, algo tipo obituário, desta vez para homenagear a todos os amigos vivos e, particularmente, para celebrar a importância da amizade e a memória do querido Pi que acabou de nos deixar? Assim fiz. Pi, tenha certeza que vamos aqui continuar aprontando muito em ode à simplicidade da vida e à amizade, em sua homenagem.

domingo, 8 de agosto de 2010

LUTO! A TURMA PERDEU SEU PINICO!


Meus amigos,

Gostaria de aproveitar o espaço deste blog para agradecer todo apoio e mensagens de força neste que sem dúvida nenhum, é o pior momento das nossas vidas.

A dor é imensa e o chão parece que se abre como um buraco sem fim mas com a certeza que com a juda e o ombro de vocês seguiremos adiante.

Muito bom ter amigos pois é o que nos faz seguir em frente.

Abaixo algumas fotos dessa figuraça que era meu pai, amigo dos meus amigos.

Um beijo a todos, e que deem um beijo carinhoso nos pais de vocês neste dia especial.

Guilherme, Mariana e Tia Aninha